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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA?

As fortes e continuas chuvas que assolam Santa Catarina , causaram um dos maiores desastres naturais dos últimos tempos.
Não é a primeira vez que as chuvas castigam Santa Catarina, em 1983 outra grande enchente, deixou cidades inteiras submersas, milhares de pessoas desabrigadas ou desalojadas e dezenas de mortos e feridos, contabilizando prejuízos econômicos de grande monta para o Governo Estadual, Federal e Municípios. O diferencial daquele acidente pára o atual, está no grande número de casas soterradas por deslizamento de terra nos taludes e pelo escorregamento das encostas dos morros que de maneira irresponsável, por se tratar de áreas de risco geológico,estavam ocupados com moradias.
O Rio Itajaí - Açu como em 83, não suportou a imensa quantidade de águas, (choveu neste período o que deveria chover o ano todo), em sua cabeceira e transbordou inundando todo o vale do Itajaí, o mais significante entretanto é que em 1994 engenheiros elaboraram um projeto de contenção destas águas e o então Presidente Collor extinguiu o Ministério de Combate as Enchentes e o projeto completo foi entregue ao Governo Catarinense que implantou apenas uma pequena parte.
É óbvio que uma catástrofe dessa magnitude, mesmo com todos os sinais de alerta não pode ser evitada, mas muitas vidas teriam sido salvas se as obras preventivas fossem realizadas e se as recomendações da DEFESA CIVIL para se evitar as ocupações em áreas de risco fossem atendidas e respeitadas.
O que se houve é que são pessoas que não tem onde morar que ocupam estas áreas, mas o que temos visto ultimamente, é que até mesmo casas de médio e alto padrão estão sendo construídas nestas encostas aumentando significativamente as probabilidades de ocorrer acidentes de grandes proporções nestes locais.
Aqui em nossa cidade temos vários bairros em situação de risco geológico alto, médio e baixo, como Jd. Caçula, Parque Aliança, Jd. Santa Rosa, Jd. Mirante, Planalto Bela Vista, Jd. Nossa Sra. de Fátima ,Morro do São José e o Clandestino Morro do Careca na divisa com Mauá, praticamente construídos em encostas de morros, estando praticamente com 100% de ocupação em um emaranhado de construções que se amarram entre si, as galerias nas ruas ou o através do próprio meio fio ou vielas, boa parte das águas de chuva são conduzidas e evitam que terrenos ainda vazios recebam estas águas e provoquem erosões e deslizamentos de terra, mas o perigo maior, está em 80% destas construções, seus proprietários não se preocupam com um detalhe que é fundamental para proteger seus MUROS DE ARRIMO e os Taludes; a captação e condução de águas de pluviais, sendo este o principal motivo dos acidentes que ocorrem todos os anos no período das chuvas que se inicia agora no dia 01 de Dezembro e vai até o dia 31 de Março de 2009.
Estes loteamentos quase em sua totalidade, foram aprovadas e implantadas na década de 50 no século passado, quando muito pouco se conhecia sobre os movimentos geológicos, as previsões metereológicas começavam a dar seus primeiros passos na Europa e Estados Unidos e o aquecimento global, que ao que tudo indica, (não há confirmação cientifica ainda), que vem provocando alterações climáticas pelo planeta afora, sequer era cogitado, hoje estão consolidadados e muito pouco ou quase nada se pode fazer com relação a remoção de famílias destas áreas, consideradas de risco, principalmente porque a Lei de proteção de mananciais, limita de forma decisiva a construção de moradias populares em nosso município no formato da CDHU
A experiência entretanto nos mostra que estes loteamentos embora implantados sob a luz do pensamento de outrora, sem as preocupações técnicas que norteiam os dias atuais, oferecem riscos isolados, pontuais e necessitam de constante monitoramento por parte da Defesa Civil que deverá atuar sempre de forma preventiva, recomendando aos moradores que deixem suas residências quando a situação assim o exigir, ou seja, sempre que os níveis de chuva acumulados em 72 horas for igual ou maior que 80mm e houver previsão de continuidade de chuvas de longa duração e qualquer intensidade e ainda pela identificação de ocorrências naturais que indiquem iminente possibilidade de destruição de moradias nas áreas de risco.
Aí é que começam os problemas, quantos estão dispostos a deixar suas casas? quantos entendem que é melhor preservar a vida ao imóvel que foi construído a duras penas? quantos pensam em deixar suas casas quando assistem estupefatos a casa do vizinho vir abaixo? no caso de Santa Catarina, será que os moradores foram alertados para deixarem suas moradias que estavam em risco? será que os municípios atingidos estavam estruturados para acionar todos os mecanismos de socorro e assistência antes das ocorrências, deslocando centenas, milhares de famílias para abrigos? Não, acredito que não, mas, também acredito que mesmo se estivessem, muitos morreriam por não querer de forma alguma deixar suas moradias, mesmo assistindo a tudo e sentindo o perigo na porta. Enfim, a magnitude deste evento causado pelas zonas de convergência do Atlântico está acima de nossas frágeis limitações humanas contra as respostas que a natureza nos dá, quando insistimos em ignorá-la.

Um comentário:

Anônimo disse...

É isso aí Mizael! Legal que você tem atualizado o Blog. Como rasguei o nervo da perna esquerda e estou impossibilitado de andar pelo fato de ter que ficar de repouso, mal tenho tido tempo de andar pela cidade... Mas logo, logo volto a escrever também. Um abraço.